Imagem: http://anderson.pro.br
Naquela
noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse:
"Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem
dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.
De
repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o
que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.
Ela não
parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz
baixa: "Por quê?"
Eu evitei
respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou
"você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude
ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso
casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu
coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a
amava mais, sentia pena dela.
Me
sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a
casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.
Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi
pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste
desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois
amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente,
o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha
obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim
estava mais perto agora.
No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo.
Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava
cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando
acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a
ignorei e voltei a dormir.
Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu,
mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante
os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural
possivel. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no
próximo mês e precisava de um ambiente propício para prepar-se bem, sem os
problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais.
Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do
momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos
casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da
casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas
aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais
intoleráveis.
Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a
idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar
alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio" ,disse
Jane em tom de gozação.
Minha
esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando
eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho.
Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no
colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala,
da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros
carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não
conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo
discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de
entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o
escritório.
No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu
senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo
não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes
últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e
grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei
a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.
No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o
corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.
No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia
mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos
estejam mais firmes com o exercício, pensei.
Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma
série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse
"Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que
ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos
últimos dias.
A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e
tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus
cabelos.
Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de
você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as
manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o
segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto,
temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida,
eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de
entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o
meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.
Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei
em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho
já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não
percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".
Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro endereço,
saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia...Subi as escadas e
bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe,
Jane. Eu não quero mais me divorciar".
Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com
febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu
não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos
valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu
percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento
para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.
A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na
minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e
fui trabalhar.
Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas
para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no
cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas
as manhãs até que a morte nos separe".
Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande
sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa
deitada na cama - morta.
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu
estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela.
Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um
divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a
imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou
um marido carinhoso.
Os pequenos
detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a
mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um
ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto.
Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um
para o outro para mantê-los próximos e íntimos.
Tenham um casamento real e
feliz!
UM CASAMENTO CENTRADO EM CRISTO
É UM CASAMENTO QUE DURA UMA VIDA TODA.