quinta-feira, 26 de julho de 2012

A SAGA DE BELO MONTE

 
Sandro Von Matter E-mail

Ciência e Meio Ambiente
Biólogo especializado em Ecologia de Florestas Tropicais e Jornalista Científico.

Publicado: Quarta-feira, 25 de julho de 2012
Paulo Jares / Pedro Martinelli
Encontro de Altamira reuniu 3 mil pessoas, 650 índios, entre elas, e foi considerado um marco do socioambientalismo no Brasil



http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=37515
A foto acima foi tirada em 1989, em Altamira (PA), entre 20 e 25 de fevereiro  durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, que reuniu nada menos que três mil pessoas - 650 eram índios - que bradaram ao Brasil e ao mundo seu descontentamento com a política de construção de barragens no Rio Xingu. A primeira, de um complexo de cinco hidrelétricas planejadas pela Eletronorte, seria Kararaô, mais tarde rebatizada Belo Monte. De acordo com o cacique Paulinho Paiakan, líder kaiapó e organizador do evento ao lado de outras lideranças como Raoni, Ailton Krenak e Marcos Terena, a manifestação pretendia colocar um ponto final às decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios. 
Já em 2008, 19 anos depois, realizou-se em Altamira o II Encontro dos Povos Indígenas do Xingu e daí nasceu o Movimento Xingu Vivo para Sempre, o encontro ficou marcado pelo gesto de advertência da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, presidente da estatal durante o governo FHC. O gesto forte de Tuíra foi registrado pelas câmaras e ganhou o mundo em fotos estampadas nos principais jornais brasileiros e estrangeiros. 
Hoje em 2012 assistimos a polêmica construção de Belo monte que poderá se tornar a terceira maior hidrelétrica do mundo. No coração da Amazônia, um exército de mais de 8 mil trabalhadores, cerca de 900 caminhões e centenas de máquinas trabalham 17 horas por dia para construir Belo Monte, uma obra colossal que modifica toda a região.
Em um voo sobre o Rio Xingu, um dos principais afluentes do rio Amazonas, com cerca de 2.000 km de comprimento, repleto de ilhas e cercado pela selva, é possível ver quilômetros de terra removida e obras que avançam a todo vapor. Fotógrafos do Greenpeace sobrevoaram a região e registraram em imagens impressionantes o impacto ambiental da construção da usina.
Apesar dos inúmeros protestos contra a implementação da obra por parte de: organizações não governamentais nacionais e internacionais como as ONGs Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Amazon Watch, Planète Amazone e AVAAZ; de centenas de celebridades como o diretor de cinema James Cameron (filme Avatar) e de artistas participantes do Movimento Gota D'Água; de comunidades indígenas locais; de grande parte da comunidade acadêmica mundial como o professor da USP Célio Bermann;  Ainda assim o governo brasileiro insiste de forma anti-democrática em dar proseguimento a obra ignorando até mesmo as incontáveis ações judiciais por parte do Ministério Público do Pará contra a instalação da usina, que questionam desde os estudos que permitiram a concessão da licença para a instalação até a maneira como as audiências públicas foram conduzidas.
Infelizmente Belo monte, esta prestes a se juntar ao seleto grupo de usinas hidrelétricas que trouxe sérios problemas sócio-ambientais a região norte de nosso país assim como as usinas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas construídas na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980. Ambas desalojaram comunidades, inundaram enormes extensões de terra e destruíram a fauna e flora daquelas regiões. Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos. 
O início da construção, mudou totalmente a cidade de Altamira e também os municípios vizinhos, estima-se que a população de cerca de 100 mil pessoas tenha aumentado em quase 50%, crescimento este que não foi nem de longe acompanhado pelos investimentos em serviços de utilidade pública. Milhares de famílias se preparam para abandonar suas casas que serão inundadas pela represa. “Não quero ir para outro lugar”, lamenta Helinalda de Lira Soares ao lado de seus três filhos pequenos. Nem ela nem seus vizinhos sabem para onde vão. “As obras de Belo Monte avançam muito rápido, e a obra social que prometeram para a cidade e as comunidades, muito lenta”, denuncia Helinalda. 
O impacto sobre os mais de 2.000 indígenas desta região do Xingu é um dos grandes problemas representados pela barragem que inundará 502 km². “Nós vivemos da pesca e vamos sofrer uma grande seca no rio, nos sentimos muito ameaçados”, disse Marino Felix Juruna, filho do cacique da aldeia Paquiçamba, que abriga 60 famílias de etnia Juruna, a quase três horas de Altamira. José Cleanton coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) alerta que: “Como os índios eram os únicos que representavam uma real ameaça à obra com sua oposição, estão sendo comprados com embarcações e bens”.
Sem falar nos problemas com os agricultores locais, que serão indenizados somente por áreas de pasto. O fazendeiro Manoel Pires proprietário de uma reserva legal, registrada no Ibama, com todos os impostos pagos que está para ser completamente alagada com o funcionamento da hidrelétrica afirma que: “Tem mais de 5 mil árvores. Eu já contei essa madeira toda aqui”. O agricultor foi informado que só será indenizado pela parte da fazenda onde tem gado e cacau. Agricultores vizinhos estão na mesma situação. “O próprio governo incentivou a gente a preservar e agora toda área de mata preservada, não será indenizada”, argumenta a agricultora Ana Alice Santos.
Nem mesmo os operários que trabalham na obra estão felizes. Foram muitas paralisações desde o início do projeto. Raimundo Braga da Cruz Sousa relata que as condições de trabalho eram extremamente precárias, que muitos operários foram torturados e até presos injustamente. " As condições eram péssimas. Agora capaz que está tudo novo, porque queimou e capaz que eles ajeitaram. Mas era tudo podre, caindo. Quando apodrecia uma tábua, ele trocavam e colocavam outra no lugar, só. Dormíamos nesses quartos, tinha cama pra todo mundo, eram oito pessoas por quarto".  
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA pediu em 2010 que as obras parassem para os índios serem consultados. O governo brasileiro rejeitou o pedido, argumentando que as comunidades haviam sido informadas. 

Segundo Célio Bermann, doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp, o que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro a curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional. Com Belo Monte ganham as empreiteiras mas também os políticos por permitir que o projeto se torne realidade, porque são as empresas envolvidas com a obra hoje que irão patrocinar a campanha para os próximos mandatos.
Já segundo o governo federal , a construção de Belo Monte tem um motivo claro: garantir energia para o país. Mas afinal de contas quem será beneficiado de fato com a obra? Eu? Você? Ou será que os reais beneficiados serão outros?
É imprescindível ressaltar que a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o Plano Nacional de Mineração 2030, estão intimamente relacionados, tanto que o documento oficial do PNM 2030 sugere uma verdadeira aliança com o projeto da nova Usina. 
O governo federal investirá nos próximos anos bilhões de reais no mercado da Mineração do Brasil, contudo, todo esse investimento precisa de alicerces para a sua sustentação, estes alicerces nada mais são que energia elétrica a baixo custo disponível para as mineradoras. É nesse sentido que o projeto do Rio Xingu entra no contexto. A história nacional, nos mostra que outras usinas hidrelétricas são fundamentais para grandes empresas do setor minerário nacional. A exemplo disso, lembremos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, construída em 1984. Hoje, o respectivo empreendimento, fornece 40% da Energia para o Complexo do Carajás (maior mina de ferro do mundo).
Desta forma os maiores beneficiados com Belo Monte, além é claro de construtoras, fabricantes de equipamentos e empreiteiras como a Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez envolvidas diretamente com as obras, serão dezenas de mineradoras privadas que serão beneficiadas com energia farta custeada pelo dinheiro público, 
Sim. Dinheiro público! O governo brasileiro está subsidiando um projeto de infra-estrutura "privado" com fundos que deveriam se destinar ao bem público financiando cerca de 80% de todo o empreendimento, utilizando os fundos públicos. Para isso, o governo utiliza o capital dos fundos de pensão Funcef, através do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço da Caixa Econômica Federal; o Previ, que prevê pensões para os trabalhadores do Banco de Brasil, e o Petros, que gere as pensões dos trabalhadores do Petrobras. Além disso, o governo federal injetou no BNDES grandes quantias de dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador e do Tesouro Nacional para que fosse utilizado na concessão de empréstimos para as obras da Usina.
As empresas de mineração e energia estam acostumadas a consumir grandes quantidades de energia hidrelétrica barata da Amazônia para prover de energia às suas operações de mineração, como ferro, cobre, ouro, e bauxita. 25% de toda a eletricidade do Brasil é consumida por oito companhias de mineração e energia: Alcoa, ArcelorMittal, Camargo Corrêa Energia, CSN, Gerdau, Samarco, Vale e Votorantim. E algumas destas mesmas empresas querem a energia de Belo Monte para expandir suas operações de extração de minérios.
Fica claro que a obra em questão não foi idealizada para trazer benefícios a comunidades locais, ou a você meu caro leitor e sim para gerar a curto e longo prazo renda para todos os envolvidos. 
Belo Monte, como foi provado por um grupo de cientistas de renome que se dedicou a realizar uma análise profunda do projeto de construção da hidrelétrica (acesse o texto completo elaborado pelos especialistas), é uma obra absolutamente indesejável sob o ponto de vista econômico, financeiro e técnico. Isso sem falar nos aspectos social e ambiental. E pior, diversos analistas apontam que Belo Monte é apenas a primeira iniciativa de muitas que podem mudar definitivamente a paisagem amazônica transformando-a de um mar de florestas tropicais para um enorme pólo de mineração. 
Neste exato momento o Ministério Público Federal entrou com ação cautelar contra a Norte Energia, responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, por descumprir as condicionantes impostas para obtenção da licença de instalação, dada pelo Ibama. O Ministério Público quer a suspensão da obra. O pedido foi protocolado na segunda-feira (23), junto à Justiça de Belém. Por omissão na fiscalização do cumprimento das condicionantes, o Ibama também virou réu no processo.
Resta agora aguardar que a justiça prevaleça sobre os incotáveis interesses políticos e econômicos de um empreendimento de bilhões de dólares. Ou então que a natureza encontre seu caminho para defender a maravilhosa Floresta Amazônica da ambição humana, exatamente como ocorreu com um dos operários da obra que morreu quando foi atingido por um tronco no momento em que derrubava uma árvore. Não seria a natureza nos mandando um recado?
Julie Messias Silva

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Leis de Murphy - Legislação complementar





"O seguro cobre tudo, menos o que aconteceu"
(Lei de Nonti Pagam)


"Quando você estiver com apenas uma mão livre para abrir a porta, a chave estará no bolso oposto."
(Lei de Assimetria de Tobravo Komisso)


"Quando tuas mãos estiverem sujas de graxa, vai começar a te coçar, no mínimo, o nariz."
(Lei de mecânica de Sperneia Kipassa)


"Não importa por que lado seja aberta a caixa de um medicamento. A bula sempre vai atrapalhar."
(Princípio de Aspirinovisk)


"Quando você acha que as coisas parecem que melhoraram é porque algo te passou desapercebido."
(Primeiro teorema de Tamus Ferradus)


"Sempre que as coisas parecem fáceis, é porque não entendemos todas as instruções."
(Principio de Atrop Lado)



Os problemas não se criam, nem se resolvem, só se transformam."
(Lei da persistência de Waiterc Pastar)


"Você vai chegar ao telefone exatamente a tempo de ouvir quando desligam."
(Principio de Ring A. Bell)


"Se só existirem dois programas que valham a pena assistir, os dois passarão na mesma hora."
(Lei de Tamaus)


"A probabilidade que você se suje comendo é diretamente proporcional à necessidade que você tenha de estar limpo."
(Lei de Kaigarfo)


"A velocidade do vento é diretamente proporcional ao preço do penteado."
(Lei Meteorológica Barbero Pagá)


"Quando, depois de anos sem usar, você decide jogar alguma coisa fora, vai precisar dela na semana seguinte."
( Lei irreversível de Kitonto Kifostes)


"Sempre que você chegar pontualmente a um encontro não haverá ninguém lá para comprovar e se, ao contrário, você se atrasar, todo mundo vai ter chegado antes de você."
(Princípio de Tardelli e Esgrande La de Mora)


Peço perdão aos amigos pela ausência, pois estou muito atarefado. Prometo voltar logo que possível.
Grande abraço.
Velho Pescador







segunda-feira, 23 de julho de 2012

MANIFESTO PELA DEMOCRACIA DOMÉSTICA

Um espectro ronda os lares. Tremei gerontes e plutocratas do lar: a vanguarda romperá nossos grilhões.
Necessito relatar minha experiência, camaradas! Vislumbro a vitória em breve!

                                                                 Família Comunista Feliz

Não me acusem de oportunista, apenas aproveitei do contexto paritário da universidade para trazer a democracia para meu lar.

Convoquei minha mãe e padrasto para uma Assembléia Geral na sala de casa. Expliquei a todos que necessitamos implantar a democracia aqui no nosso lar: as decisões não podem continuar a ser tomadas majoritariamente pela minha mãe, depois pelo meu padrasto (pobre alienado que não consciência do poder que tem), e por último eu.

Note-se que minha opinião quase nunca é levada em conta. E, para piorar, sempre quando minha mãe vai perder, ela produz um dos seus velhos golpes.
Um exemplo nato foi quando deliberamos assistir UFC bem horário da novela dela. Apesar de ganharmos por 2 votos a 1, ela não se deu por vencida e arbitrariamente cortou o UFC do pacote de TV a cabo.

Comecei explicando que essa forma de gestão do lar vigente é ultrapassada. Esses modelos patriarcais - no meu caso matriarcal - não correspondem a uma democracia do modelo de decisões. Remontam a uma ditadura dos mais velhos!

Argumentei que vivemos todos no mesmo lar, temos os mesmos objetivos, apenas os meios se diferenciam, pois são eles os conservadores e eu vanguardista, revolucionário, classista, puro, independente e bonzinho, no entanto — reitero — queremos todos o bem da casa.
Por vivermos no mesmo lar, devemos os três paritariamente tomar as decisões. Ainda ressaltei que não devemos valorizar essa distinção meritocrática, não venham dizer que são eles os mais capacitados por serem mais experientes, mais velhos, mais responsáveis. Nada disso! Só quero democracia, somos todos iguais.
— Mamãe, isso não é argumento que se preze. AN-TI-DE-MO-CRÁ-TI-CA!
Falei por horas a fio e vi nos olhos de mamãe que ela não conseguiria vencer meus argumentos; estava, com certeza, conspirando enquanto me escutava. (As jornadas revolucionárias me ensinaram que bons ouvintes geralmente estão pensando em outra coisa). Já meu padrasto parecia não se importar muito, talvez nem entendesse o que eu brilhantemente estava expondo: tinha mais cara de fome do que qualquer outra coisa!
Por óbvio venci a argumentação. Camaradas, gritar por democracia é uma bela forma de tentar vencer quando não se tem bons argumentos.
Ainda que uma coisa não tenha nada com a outra, grite por democracia. Grite! Ser contra a democracia, atualmente, é mais feio que ser a favor do câncer!
Um silêncio assustador pairava na sala. Minha mãe, que escutava calada, pediu licença, foi em direção ao quarto e disse que voltava em um instante. Meu padrasto aproveitou para ir buscar comida, por isto está tão gordo.
Minha mãe voltou com uma pasta, tirou um boleto de um apartamento que ela comprou recentemente para a gente e me entregou.
O valor é superior a minha mesada e a minha bolsa de estágio somados. Tinha consciência que ela tramava algo.
Ela começou a falar, disse que democracia é um conceito com muitas facetas.
— A mais evidente, infante Tavinho, parece ser a de participação de todos em um processo de decisão. Trata-se de um valor central de nossa sociedade e a eleição de dirigentes é um componente importante desse conceito, mas não é o único. Um dirigente pode ser eleito democraticamente e não se ter democracia.
Assim, mais do que o modo como é escolhido o dirigente, em um lar, democracia tem a ver com decisões colegiadas e com o princípio de que a todo poder deve corresponder uma res-pon-as-bi-li-da-de e vice-versa.
A essa altura, eu já estava bufando. A ninguém deve ser dado o direito de citar o camarada Peter Parker em vão. Ninguém! E ela continuava:
— Democracia tem a ver com poder responsável. Um tirano não tem de responder pelo poder que tem. Desse modo, não é justo que aqueles que têm a responsabilidade de tomar as iniciativas do lar não tenham o poder correspondente na hora de tomar decisões de casa.
Nesse momento ela bradou: “quer decidir? Arque com as responsabilidades de poder decidir. Comece custeando um terço das obrigações, despesas, responsabilidades”. É claro que não quero responsabilidades, quero só poder decidir democraticamente e com isso já me satisfaço. É um fim belo e justo por si, nada além.
Minha mãe e meu padrasto tem que entender que sou diferente deles, temos papéis diferentes na casa. Eles fazem todo o trabalho, mas todos nós devemos gozar dos frutos. “De cada um segundo suas capacidades e a cada um segundo suas necessidades”, já dizia Marx. Sou muito jovem para ter capacidade de dividir as despesas, mas já sinto a necessidade de receber 1/3 dos rendimentos.
Sei que minha permanência nesse lar é passageira, afinal devo me mudar quando casar, mas quero decidir enquanto estiver aqui!
Num momento de fúria revolucionária, rasguei o boleto do apartamento que ela me entregou, busquei meu macbook no meu quarto e me refugiei na cozinha. Tranquei a porta, tratei logo de passar um cadeado na dispensa, desliguei a geladeira, fiz uma barricada na porta de acesso.
"Ninguém come até que a democracia na gestão do lar seja implantada nessa casa!", foi o que pichei na parede da sala.
É claro que eu continuo comendo, não porque sou melhor, mas porque devo conservar minhas energias vanguardistas, afinal preciso me manter forte para liderar essa revolução. Como sou jovem, até mesmo quando erro não é culpa minha, é sempre na busca incessante de acertar.  Sou um inocente nessa sociedade opressora, onde os pais dominam os meios de produção. Até mesmo meus valores não são ainda consolidados, mas são os melhores, é claro. Não é relativismo moral, é a desresponsabilização individual empregada a meu favor.
Camaradas, construí uma estratégia excelente. Na calada da noite forneço cerveja e coxinhas de frango frito ao meu padrasto, aquele morto de fome. Assim pretendo convencê-lo de que a revolução é para nosso bem. Afirmei para ele que caso façamos uma gestão conjunta paritária ele poderá trabalhar menos, assistir mais TV, comer mais, descansar mais.
E vou na mesma balada: chega de contra-partidas nessa casa! Isso é uma família e não uma relação econômica, ora, cadê a solidariedade? Egoísmo é quando as pessoas pensam apenas no bem de si mesmas, em vez de pensarem em mim. Quero minha mesada sem precisar fazer nada, chega de opressão da minha mãe controlar meu rendimento acadêmico. Não importa se ela custeou minha educação, não importa se hoje a sociedade custeia a minha universidade, justamente os mais pobres que não tem acesso ao nível superior público, apesar de pagar por ele. Não devo nada a ninguém. Chega de qualquer controle, quero sair sempre que me der vontade, viajar sempre que me der vontade, fazer o que eu quiser aqui e nada de ser responsabilizado. A responsabilidade vem depois, né? Tudo tem sua hora, companheiros!
Temos um belo horizonte de liberdade a vista, só meu padrasto parece não entender... Tende piedade dos alienados, Senhor, eles não conhecem seus interesses! No entanto, já estou o convencendo a vir ocupar a cozinha comigo. Apesar dele morrer de medo da mamãe, sinto que em breve estará comigo na revolução paritária.
Camaradas, relato aqui minha experiência em curso, preciso do apoio de vocês para manter a revolução. Venham comigo ocupar essa cozinha. Esta é a primeira, a próxima é a da sua casa e assim sucessivamente, por todas as cozinhas da face da terra. Venham logo, esta ocupação aqui não está me deixando ir malhar, freqüentar minhas aulinhas de francês e visitar minha paquera. Preciso logo de um revezamento na ocupação. Pela revolução, camaradas!
Do front de batalha da cozinha do apartamento 513, Edifício Vivenda da Liberdade,
Saudações vanguardistas da fábula do lar.
Hábraços paritários

http://www.vanguardapopular.com.br/portal/comentario-popular/253-manifesto-pela-democracia-domestica

segunda-feira, 16 de julho de 2012

CURIOSIDADE - O que significa @ no e-mail


Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era
de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.

O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco – o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.

Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.

Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial, em Português, e, ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.

E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.

Foram-se os copistas, veio à imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).

No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contábeis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:

1 - a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo inicial lembra a forma do símbolo;

2 - os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.

O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba (15 kg , em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg .

As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador.

Então, em 1972, ao criar o programa de correio eletrônico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.

Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.

                                                                                 
(recebido por e-mail) 

Vinicius de Moraes



O Mais-que-perfeito

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)


Ah, quem me dera ir-me !

Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém, em algum lugar
Que não presumes...

Ah, quem me dera amar-te !

Ah, quem me dera ver-te
Sempre ao meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais : cuidado...

Ah, quem me dera ver-te !

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te


Morar-te até morrer-te...


Vinicius de Moraes

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sem exageros, uai!


Durante escavações no estado do Rio de Janeiro, arqueólogos fluminenses descobriram, a 100 m de profundidade, vestígios de fios de cobre que datavam do ano 1000 d.C.
Os cientistas cariocas concluíram que seus antepassados já dispunham de uma rede telefônica naquela época.

Os paulistas escavaram também seu subsolo, encontrando vestígios de vidro a 200 m de profundidade. Após minuciosas análises, concluíram que elas tinham 2000 anos de idade.
Os cientistas paulistas declararam, triunfantes, que seus antepassados já dispunham de uma rede digital a base de fibra ótica quando Jesus nasceu!

Uma semana depois, em Belo Horizonte, foi publicado por cientistas mineiros o seguinte estudo:
"Após escavações arqueológicas no subsolo de Contági, Patinga, Timoti, PassQuato, Pós di Carda, Jijifóra, Sansdumôn, Pôso Alegre, Santantoin du Monte, Moncarmelo, Lagoa Dorada, Sanjãodelrei, Beraba, Berlândia, Biá, Belzonte, Bosta do Araguari, Divinópis, Pará de Mins, Furmiga, Vernador Valadars, Tiófi Otoni, Piui, Biraci e diversas outras cidades mineiras, até uma profundidade de 500 metros , não foi encontrado absolutamente nada.
Concluimos então que os antigos mineiros já dispunham há 5000 anos de uma rede de comunicações sem-fio: "wireless".

Nota dos arqueólogos: Por isso se pronuncia "UAI"reless.

Esse trem de ser mineiro é bão dimais da conta, sô!


Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...