quinta-feira, 31 de maio de 2012

UM BEIJO NO PESCOÇO...

       Sábado, manhã de sol, as folhas respingando o orvalho daquela noite linda, as gotas filtrando os raios de sol, lançando iridescências ao redor. Em plena praça da matriz, às sete horas da manhã, cachorrinho a tiracolo, passeava eu, achando que aquele cãozinho “pequinês”, apesar do tamanho reduzido, era a maior “mala-sem-alça” que já havia cruzado, e atravancado, o meu caminho. Pudera... minha esposa o havia ganho de sua mãe, sogra minha, como presente de aniversário (aquele aniversário que eu havia esquecido totalmente, e, quando perguntado se eu lembrava que dia era, perguntei se era o “dia do fico”).
       Desconcertado, ao ser encarado com a realidade, eu quis disfarçar e comentei, com a maior “cara-de-pau” que me foi possível que aquele cãozinho teria “a cara do meu sogro”, com aquele focinho chato e sempre úmido, aqueles olhinhos cheios de remela e aquele latidinho fino e irritante. Minha sogra caiu na gargalhada aprovando, mas minha esposa ditou as regras de como o “Emílio” seria tratado, o que e quando comeria, passeios, onde dormir, tipo de casinha que eu deveria comprar para ele, etc. etc. ...
       Não dava para brigar, mas eu lancei o meu protesto mais veemente, o dedo em riste, subindo e descendo, na ponta do nariz da minha esposa. Ela que arrumasse outro nome para o cachorro, mas Emílio, nunca! Aquele era o nome do meu pai e eu nunca chamaria o cãozinho por aquele nome.
       Gritamos a mais não poder. Ameacei cancelar as férias da família, o que só veio piorar as coisas, pois aí, minha filhinha de dezessete anos, até então indiferente, acostumada àquelas cenas, começou a fazer coro com sua mãe, contra mim, é lógico, enquanto o meu filho caçula, então com onze aninhos, dava mais uma das suas gostosas gargalhadas, como sempre fazia quando não sabia o que estava acontecendo.
       No final eu tive que calar, pois até o meu sogro acordou, ele que, naquele dia como em todos os outros, de festa ou velório, seu time ganhasse ou perdesse, fosse o que fosse, ou como fosse, roncava na rede, bêbado, logo após o almoço, e tendo acordando, mesmo não sabendo do que se tratava, começou a dizer que sua esposa tinha toda a razão e que “nenhum filho de Deus” conseguiria descansar com um barulho daqueles.
       Peguei o boné e saí. Andei bastante e quando cansei, entrei no cinema, no shopping, onde dormi por duas sessões seguidas e fui acordado pelo lanterninha, que exigia que eu pagasse novo ingresso ou fosse “dormir num hotel”. Meu sogro tinha a razão; Nada pior do que ser acordado para a realidade da vida.
       Hoje, meses depois, lá ia eu, àquela hora, levar o “Duque” a passeio (Duque era o nome que eu dei ao cachorrinho, fingindo não perceber que os outros membros da família o chamavam mesmo de Emílio).
       Apesar do inconveniente de ter de levantar cedo, esta era a melhor hora, pois após as oito da manhã, os simples mortais levavam seus cães de estimação para o passeio, e eu sentia vergonha de ter um cachorro tão irritante e insignificante, que, não sei por quê cargas d’água, cismava de latir e avançar sobre os cães que tinham, no mínimo, umas dez vezes o seu tamanho e peso. Àquela hora, com pouquíssima gente na rua, eu me sentia mais à vontade para, inclusive, ensaiar uma “conversa” com o cachorro, que, a essa altura, já me considerava um amigo.
       Eu estava até contando ao “Duque” os passeios que havíamos feito durante as férias (como sempre, prevalecera a vontade da família) “inesquecíveis” para minha mulher e meus filhos, e das quais eu me lembraria ainda por um bom tempo, até terminar de pagar o financiamento.
       Contei da última noite que passei naquele hotel da Barra e da encrenca que arrumei quando, num gesto impensado, fui beijar a minha mulher...
       Eu vinha da praia, com meus filhos, e, na recepção, vi minha esposa corrigindo o batom, olhando sua caixinha de maquiagem. Pensei em como aqueles últimos dias nos haviam aproximado, e como era bom passarmos uns dias em “território neutro”, em como ela parecia mais linda naquele vestido azul, que eu ainda não tinha visto.
       Cheguei devagarinho, por traz e, como nos tempos de namoro, beijei o seu pescoço, logo abaixo da orelha. Aquilo sempre dera resultado, eu nem precisaria esperar muito...
...Ploft!, minha orelha ardeu com o tapa, e com os gritos!
       Minha mulher acabava de sair do elevador, a tempo de ver-me beijar a sua “sósia”, que foi quem me deu o tapa, e achou que aquele tapa era só para disfarçar. Começou a gritar, me chamando de infiel, e outras palavras que não convém citar, buscou, num instante as “crianças”, arrumou as malas, fretou um bimotor para levá-la de volta “à casa da mamãe, pois com aquele cretino, nunca mais”, pagando essa viagem com nosso cartão de crédito.
       Fiquei alí ainda por dois dias, tentando me acalmar e esperando que ela se acalmasse,. Depois, levei semanas a convencê-la a voltar para casa, (até prometí “passear com o Emilinho” nos os fins de semana), e ainda vou levar alguns meses para saldar as dívidas.
       A sósia? Ah, meu amigo... Ela ficou com tanta dó de mim, que de vez em quando ainda me telefona...
       (Papai que me perdoe!)

Velho Pescador - Julho/97

Cigarro




FUMAR FEDE,
CUSTA CARO,
DÁ CANCER.
FUMAR É BURRICE!

Dia Internacional Anti-Tabaco

Velho Pescador

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Reciclagem, conservação, sustentabilidade e realidade



Escrito por Roy Cordato | 29 Maio 2012
Artigos - Ambientalismo

As crianças também são doutrinadas a acreditar que reciclar irá reduzir a poluição.  Mas a elas não é dito que o processo de reciclagem é, em si, extremamente poluente.
Quer salvar árvores e diminuir a poluição?  Enfie seus papeis em uma grande sacola plástica e jogue-a fora.

A reciclagem adquiriu um status moral quase que inquestionável, em grande parte porque crianças e adolescentes, doutrinados pela propaganda ambientalista continuamente regurgitada pelas escolas e universidades, chegam às suas casas munidos de informações falaciosas e as utilizam para intimidar seus pais.  Não seria exagero algum dizer que mais de 70% da juventude quer que seus pais reciclem.
Porém, aqui vai meu humilde conselho aos pais: não se envergonhem e não se deixem intimidar! Joguem fora todo e qualquer lixo.  Não há nenhuma virtude em reciclar algo que o mercado não está disposto a lhe pagar.  Se reciclagem fosse realmente uma necessidade premente, tal ato teria um enorme preço de mercado, e as pessoas seriam pagas para incorrer em tal atividade.  O que nossas crianças e adolescentes estão aprendendo nada mais é do que ideologia esquerdista, sem nenhum respaldo em fatos ou na ciência.
Um dos argumentos utilizados em prol da reciclagem é que o mundo está ficando sem aterros sanitários, pois o espaço para eles estaria acabando.  Os meios de comunicação se esmeram em propagandear, principalmente em canais voltados para o público infantil, imagens sombrias de cidades soterradas sob seu próprio lixo.  É exatamente isto o que se passa por educação ambientalista no mundo atual.
Porém, a realidade é que não há e nem nunca houve qualquer escassez de espaço para a construção de aterros. Se houvesse de fato tal escassez, o preço de mercado para tal espaço seria tão astronômico, que as pessoas estariam demolindo suas próprias casas para construir aterros em seus lugares.  Ato contínuo, elas iriam embolsar o lucro e comprariam mansões.  No entanto, a verdade é que se todo o lixo sólido a ser produzido nos próximos mil anos fosse concentrado em um único lugar, ele ocuparia apenas 114 quilômetros quadrados — o equivalente a 0,001% de toda a área dos EUA.
E o que dizer sobre a tão propalada alegação de que a reciclagem, principalmente a de papel, irá "salvar a vida" de várias árvores?  Toda criança tem este mantra na ponta da língua.  O papel, afinal, é feito da madeira das árvores.  Por que não produzir papel novo utilizando papel antigo e, assim, evitar que mais árvores sejam derrubadas?  Simplesmente porque não é assim que funciona a lógica econômica.  A oferta sempre será comandada pela demanda.  Se amanhã repentinamente pararmos de utilizar trigo para fazer pão, haveria menos trigo no mundo daqui a um ano.  A oferta de trigo cairia drasticamente.  Não mais haveria incentivos de mercado para se cultivar trigos, seus preços despencariam e o cultivo de trigo seria uma atividade totalmente deficitária.  Da mesma forma, se todo o mundo parasse de comer frango, a população de frango diminuiria, e não aumentaria, como supõem quase todos os ambientalistas.
A mesma lógica se aplica à relação entre papel e árvores. Se pararmos de utilizar papel, menos árvores seriam plantadas.  Não haveria incentivos de mercado para a conservação de florestas.  Na indústria papeleira, 87% das árvores utilizadas são plantadas para a produção de papel.  Isto significa que, de cada 13 árvores que seriam "salvas" pela reciclagem, 87 jamais seriam plantadas.  É exatamente por causa da demanda por papel que o número de árvores plantadas no mundo aumentou nos últimos 60 anos.  Eis, portanto, uma lição incômoda para os ambientalistas: se o seu objetivo é maximizar o número de árvores, não recicle papel.  Outra lição: se você quer aumentar o número de árvores, defenda o capitalismo e a propriedade privada.  Quando se é dono da sua própria terra, há vários incentivos econômicos para se cuidar muito bem desta sua terra.  Sua preocupação é com a produtividade de longo prazo.  Assim, o proprietário de uma floresta, por exemplo, irá permitir que uma madeireira ceife apenas um número limitado de árvores, pois ele não apenas terá de replantar todas as que foram ceifadas, como também terá de deixar um número suficiente para a colheita do próximo ano.
Outras declarações feitas por defensores da reciclagem são igualmente problemáticas.  Reciclar não poupa recursos.  Pelo contrário, desperdiça recursos valiosos.  Em geral, reciclar é mais caro do que construir aterros, com a única exceção para esta regra sendo o alumínio.  As crianças também são doutrinadas a acreditar que reciclar irá reduzir a poluição.  Mas a elas não é dito que o processo de reciclagem é, em si, extremamente poluente.  A reciclagem de jornais, por exemplo, requer que a tinta velha utilizada nos jornais seja retirada das páginas.  Este é um processo quimicamente intensivo que gera enormes quantidades de lixo tóxico.  Muito mais "ambientalmente saudável" seria simplesmente jogar os jornais fora.
Adicionalmente, um programa de coleta de recicláveis exige o uso de caminhões diferentes dos caminhões utilizados para a coleta de lixo comum. Isto, por sua vez, significa mais caminhões circulando diariamente (ou semanalmente) nas cidades.  E isto, por sua vez, significa mais poluição do ar.  Em Nova York, por exemplo, após instituir a reciclagem compulsória, a prefeitura teve de acrescentar duas coletas adicionais por semana. Já em Los Angeles, a prefeitura teve de duplicar sua frota de caminhões de lixo.
Mas o fato é que os recicladores têm uma agenda muito mais ambiciosa do que aquela com que doutrinam as crianças e os adolescentes.  No livro Waste Management: Towards a Sustainable Society, seus autores, O.P. Kharband and E.A. Stallworthy, chegam a reclamar que as construtoras descartam pregos envergados e que os hospitais utilizam seringas descartáveis.  "O chamado 'padrão de vida'", concluem os autores, "terá de ser reduzido".
Eis aí o real objetivo da elite defensora de programas compulsórios de reciclagem.  E, tragicamente, esta redução no padrão de vida já foi alcançada em várias cidades que construíram monstruosas e caras fábricas de reciclagem, o que levou a desperdícios inacreditáveis, impostos mais altos, e prefeituras financeiramente estropiadas.
A realidade econômica do debate ambientalistaDebates sobre questões ambientais nada mais são do que debates sobre como estamos precificando o futuro.  Em economês, diz-se que estamos atribuindo ao futuro um valor presente muito descontado.  Questões sobre "o mundo que estamos deixando para nossos filhos" e reclamações sobre a suposta miopia das gerações atuais são, em última instância, alegações de que estamos precificando o futuro de maneira incorreta e inapropriada — ou, mais especificamente, que estamos descontando acentuadamente o valor presente do futuro.
Em seu livro The Armchair Economist, Steven Landsburg apresentou um excelente ponto sobre a alegação de que temos de conservar a terra para as gerações futuras.  Ele pergunta como podemos saber com total certeza se nossos filhos e netos irão preferir uma floresta a toda a renda e riqueza que seriam geradas por, digamos, um estacionamento ou um shopping.  E a resposta é que nós simplesmente não sabemos, pois, novamente recorrendo ao economês, é impossível fazer comparações interpessoais de utilidade.  Mas podemos utilizar o princípio da preferência temporal para nortear nossas decisões.
Alguns dizem que não podemos precificar o futuro de maneira tão baixa — ou que, se o fizermos, deveríamos descontar seu valor presente de uma maneira extremamente ínfima.  Tais pessoas argumentam que, ao fazermos nossos cálculos ambientais de hoje, as gerações futuras deveriam ser incluídas nele e consideradas como tendo o mesmo peso da geração atual.  Certo, mas qual a consequência real e lógica de tal postura?  Ora, se realmente fizermos isso para todos os assuntos envolvendo o ambiente, então qualquer questão sobre a proteção do planeta irá se tornar irrelevante por causa de um fato incômodo e perturbador já apontado pelo economista Walter Block: em algum momento futuro, o sol irá desaparecer, e o planeta com o qual estamos tão preocupados hoje irá simplesmente desaparecer.  E isso é um fato para o qual não há alternativas.
Logo, se estamos tão preocupados com a preservação das espécies, e se já sabemos de antemão que, um dia, o planeta Terra irá inevitavelmente desaparecer, então temos de buscar um conjunto de ideias radicalmente distintas e uma abordagem radicalmente diferente da atual maneira de se pensar o ambiente.  Temos de levar em conta que haverá um momento em que o principal problema ambiental a ser enfrentado pela humanidade não será como reduzir a poluição da terra, do ar e do mar, mas sim como sair deste planeta ou como alterar sua posição no sistema solar, duas tarefas que estão muito além das fronteiras da nossa atual capacidade tecnológica, mas que podem ser alcançadas, pelo menos em princípio.
Uma solução para este inevitável problema seria o acúmulo de recursos e capital, algo que requer um nível muito maior de criatividade e engenho humano, e uma divisão do trabalho muito mais acentuada que a atual, de modo que as pessoas possam se concentrar nos problemas e desafios gerados por uma viagem interplanetária.  Isto significa que seriam necessárias mais pessoas habitando o planeta, e elas teriam de ser muito mais ricas do que são hoje, e teriam de enriquecer de maneira bem mais acelerada, pois isso liberaria o recursos necessários para solucionar todos estes problemas. 
Embora isto — aumento populacional e enriquecimento acelerado — seja algo que vá exatamente contra as ideias ambientalistas convencionais, trata-se exatamente da consequência lógica de se dizer que as gerações futuras devem ser consideradas como tendo o mesmo valor da nossa geração atual.  A tese de que não devemos dar ao futuro — e às gerações futuras — um valor presente descontado implica que todos os outros problemas atuais devem ser relegados a segundo plano, dando-se prioridade ao urgente problema de como impedir a inevitável extinção humana que irá ocorrer quando o sol morrer.
ConclusãoÀ primeira vista, o objetivo de se reciclar mais e de se conservar mais pode parecer muito apropriado, até mesmo desejável.  No entanto, os defensores de tais práticas não possuem as informações econômicas necessárias para se tomar as decisões corretas nestas questões, pois não há direitos de propriedade claramente definidos sobre os recursos naturais escassos.  Não há propriedade privada sobre aterros sanitários e não há livre mercado para a reciclagem de lixo.  Adicionalmente, como mostra o exemplo de Block, se realmente nos importamos com as gerações futuras, se dermos a ela exatamente a mesma importância que damos a nós mesmos e, consequentemente, se estamos dispostos a nos sacrificar por ela — pois, afinal, damos a ela o mesmo valor que damos a nós mesmos —, então o inevitável fato de que o sol irá morrer um dia significa que, em vez de estarmos hoje preocupados com a reciclagem de lixo, deveríamos, isto sim, estar preocupados em construir colônias planetárias, exatamente como no seriado Battlestar Galáctica. Quem for contra isso, ou achar que se trata de um exagero, então tal pessoa realmente não está preocupada com as gerações futuras que presumivelmente irão habitar a terra daqui a vários bilhões de anos.
Recicladores e ambientalistas não são cidadãos melhores ou mais bem intencionados.  São apenas mal informados.  Quer salvar árvores e diminuir a poluição?  Enfie seus papeis em uma grande sacola plástica e jogue-a fora.
 Colaborou para este artigo Art Carden.
Roy Cordato é vice-presidente para pesquisas e acadêmico residente da John Locke Foundation. É também pesquisador adjunto do Mises Institute.

Tradução: Leandro Roque

Publicado no site do Instituto Ludwig Von Mises Brasil.
Extraído do MIDIA SEM MÁSCARA

Biliscão é um doce bão!

                                                                                               Imagem da Internet

Biliscão du bão

A Betinha é uma beleza, nunca vi muié iguá.
Ela trabaia cum presteza, sem nunca recramá.
Se alevanta beeeem cedinho, se ajueia pra orá
Dispois toma o seu chazinho e já sai pra trabaiá

Trabaia cuidano dos véi, e dirigindo o pessoá,
Vê si ta tuuudo completo, si num farta materiá.
Quando dá o seu horário, seu fiinho vai buscá
Pruqui ele ta na iscola, onde foi pra istudá.

Chega em casa, faiz armoço, tem ropa pra lavá
Dá cumida pro Samuca, num tem tempo pra pará
Liga pra suas maninha, liga pro seu papai
Qui ta véio, o meu sogrinho, ela pricisa cuidá

Quando já ta tudo prontinho, ela começa a inventá
Põe treiz ovo na tigela, uma cuié pra misturá
Pega o sar, pega a farinha, o açúca prá porvilhá
Abre a massa beeem fininha, e já começa a cortá

Põe uma goiabadinha no meio, dobra pra segurá
Leva pruma forma graaande, e põe no forno prá assá.
Quando eu chego em casa, à tarde, eu me sento pra jantá
Dispois é que nóis cunversa, pra sabê cume qui tá

Tomo as matéria do filho, a cachorra vem cumprimentá
Mexo c´a calopsita, qui já começô subiá
Despois disso, abro o armário, só pra mó di ispiá
Lá eu vejo os biliscão, qui ela feiz pra mi agradá

Dô um bejo nessa gata, i nóis cumeça a namorá
Eu falo qui ela é bunita, pregunto si qué casá...
Essas brincadera boba, faiz nóis ficá mais feliz
Olho bem nos zóio dela, e dô um bejo em seu nariz.

Eita vida boa, a nossa, tendo essa união
A famía é um presente que alegra o coração
Como Deus gosta di nóis, eu falo com devoção.
Eu gosto taaaanto da Betinha, qui mi faiz us biliscão.

Eita coisa booooaaaa!
Véi Pescadô



terça-feira, 29 de maio de 2012

Carta do Zé, da roça



Prezado Luis, quanto tempo!
Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo?
Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.  Se não lembrou ainda eu te ajudo.
Lembra do Zé Cochilo?  Hehehe, era eu.
Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite.
De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Então eu só vivia com sono.
Do Zé Cochilo você lembra né Luis?
Pois é. Estou pensando em mudar, para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio; Aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade.
To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.
 
Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, o pai morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.
 
Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né, Luis?
 
Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né!),  eu contratei o Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?
Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.
Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.
Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.
Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime (dos porcos), ele não vai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade.
Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?
Agora, pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.
 
Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, de jeito maneira!.
Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.
 
Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foram os porcos, e agora, o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.
 
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.
 
Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.
 
Até mais Luis.
Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

(Infelizmente, todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

A carta supra - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parque Nacionais e Reservas do IBDF-IBAMA 88-89, detentor do primeiro Prêmio Nacional de Ecologia.

Historinha boba



A roda da carroça
               (Historinha boba!)

A roda da carroça caiu!
A carroça quase tombou
O cavalo se assustou
O carroceiro xingou,
Quando a roda caiu.

Estava perto do rio
Quando a carroça travou.
O leite se estragou
E o carroceiro se irritou
Porque a roda caiu

Ele ia pelo relvado
A caminho do mercado
Distraído, despreocupado.
Não lubrificou o eixo
E agora se sente um coitado

Brigou com sua mulher,
E também com seu cãozinho,
Brigou até com o afilhado
Seu filho saiu de fininho
Com medo de ser apanhado

Porém, só ele não viu
Que, se aquela roda caiu,
Foi por falta de cuidado
Tudo isso ele aprontou
Tanta gente magoou,
O carroceiro estressado.

Ele não tinha razão,
Arrumou a confusão
Jogou toda a gente nisso
O problema era só seu
Porque ele se esqueceu
De fazer, e bem, seu serviço.


Velho Pescador
05/12

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Estão nos enrolando, dizendo que é para "salvar o planeta"

  Leda Nagle

 

 Temos vivido dias difíceis, em que os "espertalhões", com o apoio da mídia safada, vem inventando "ações para salvar o planeta", que, na verdade, visam o lucro de uns poucos em prejuizo do todo, visam apenas a vantagem própria.

Em alguns Estados e Municipios brasileiros, entrou em vigor a "Lei das Sacolas Plásticas", que proíbe o comércio de fornecer sacolas plásticas ao comsumidor. Este, se quiser, pode comprar, por dezenove centavos, uma sacolinha que dizem ser de plástico que se deteriora na natureza, não criando danos, o que é duvidável. 

Se o plástico faz mal à natureza, porque eliminar só as sacolas? Talvez porque é isso que interessa às grandes redes de supermercados.

Hoje recebi este artigo da Leda Nagle, que publico na íntegra. Parabéns, Leda.

Velho Pescador.

Me engana que eu gosto       
                                      Leda Nagle

Qual é a embalagem do açúcar que você compra? Saco plástico.

 Onde vem o sal que você compra? Em saco plástico.

E a farinha de trigo, de mandioca, o fubá, o feijão, o arroz nosso de cada dia? Todos embalados em sacos plásticos.

Onde é que você coloca as frutas e os legumes que você compra no supermercado? Em sacos plásticos.

Onde vem os remédios que você compra nas farmácias? Em sacolas plásticas.

E, por acaso, esta profusão de sacos plásticos que fazem parte do seu dia a dia não poluem o ambiente? Não destroem o planeta? O único saco plástico que polui é a sacola plástica que você recebe dos supermercados?

Aquelas mesmas que você recicla colocando seu lixo de casa.
Aquelas que, se for civilizado, você usa para apanhar e descartar as cacas do seu cachorro.
Aquelas mesmas, que as grandes redes de supermercado querem parar de fornecer a você na hora das compras.
E o que eles dizem?
Que elas são as responsáveis pela poluição do nosso planeta.
Por que só elas?
Só o plástico com que elas são feitas poluem rios, destroem as matas, tornam nosso mundo menos habitável?
Mas porque só elas? Quem disse? As grandes redes de supermercado. E quem ganha com isto?
O planeta?
Me engana que eu gosto.
Além dos fabricantes de rolos de sacos de lixo, que também são feitos de plástico, quem mais ganha com a proibição das sacolas de plástico são as grandes redes de supermercado que, a partir de agora, em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, não terão mais despesa alguma com o consumidor. Depois que ele pagar — e muito bem — os produtos que comprar o problema de levar os produtos para casa passa a ser só do consumidor.
Como você vai levar seus produtos para sua casa? Problema seu.
Até porque não são eles que vão entrar nos ônibus cheios, nos trens lotados, no metrô entupido, nas barcas sobrecarregadas, levando uma caixa de papelão. Uma mala sem alça.
E ainda querem convencer você, pessoa de boa fé, que está ajudando na reconstrução do planeta. Não é meigo?
Não! Acho cínico.
E a parte deles?
Bom, eles vendem a você sacolas retornáveis.
E sabe o que acontece dentro delas? Se você não limpá-las, adequadamente, lavando com água e sabão, bactérias e fungos crescem dentro delas.
Sabia também que o correto seria usar uma sacola para carnes, outra para vegetais e outra para produtos de limpeza?
Sabia que elas não podem ser feitas de produto muito resistente, com muitas tramas? Porque as bactérias se entranham nos tecidos mais fortes com mais facilidade. E então? Mais tranquilos?
Vai dar trabalho, ficará mais caro e você ainda acha mesmo que vai ajudar a salvar o planeta?

Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...