quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Condenados

PARABÉNS À JUSTIÇA BRASILEIRA
A novela do mensalão é bem longa, lembra "O Bem Amado". Tem de tudo: amor, ódio, paixões, moças bonitas, dinheiro, desavenças, sujeições, traição, até exemplos importantes de competência, imparcialidade e justiça. Dos astros dessa novela destacam-se o autor Roberto Jefferson, o diretor José Dirceu, o coordenador Ayres Britto. No mensalão o bem amado é representado pelo ex-presidente Lula, nada cola nele, "apenasmente" tenha ficado devendo, pois não soubemos quem o traiu, deixou-nos na dúvida. Dirceu controlou um esquema que movimentou bilhões de reais em compra de votos de parlamentares, caixa 2 e corrupção ativa. Quanto ao ódio, foi generalizado: o ministro Ricardo Lewandowski odeia seu colega Joaquim Barbosa, Dirceu nutre ódio mortal por Jefferson, entre os mensaleiros muitos nem se cumprimentam. Sujeição foi a parte negativa dos ministros Lewandowski ao ex-presidente Lula e Dias Toffoli ao seu ex-chefe Dirceu. Simplesmente deprimentes, ambos mancharam suas togas pretas. Em contrapartida, houve exemplo de dignificante altivez e cabal demonstração de competência do ministro Joaquim Barbosa: seu trabalho foi pautado por um detalhado estudo dos diversos aspectos do complexo processo, elaborou um irretocável relatório, que certamente ficará nos anais do Direito brasileiro. O revisor até que tentou, mas não foi capaz de desqualificá-lo. Outro destaque foi a ministra Cármen Lúcia: muito lúcida, calma, ponderada, apresentou seu voto, boa parte dele de improviso, explicando os motivos técnicos que o basearam. Finalmente restou a justiça, inicialmente devida ao relatório do brilhante procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que soube separar o relevante do prolixo, permitiu que verdadeiros acadêmicos do Supremo, como Celso de Mello, dessem verdadeiras aulas de Direito, ensejando aos outros ministros votar de maneira consistente, consciente, coerente, sempre amparados nos autos, na legislação e até no bom senso. O destaque especial coube ao presidente Ayres Britto, seguramente o melhor ministro para dirigir reuniões desse quilate: conduziu os trabalhos sem que em momento algum perdesse a coordenação, mesmo quando aparteou o ministro Lewandowski, que, visivelmente contrariado, tentou polemizar. Mas Ayres Britto com pequeno argumento não só convenceu, como ainda provocou desculpas de Lewandowski. Resumindo, o Direito do Brasil está de parabéns, um exemplo de competência e maturidade. Foram punidos os culpados com total justiça e imparcialidade, um senhor exemplo de democracia. Gostaríamos que outros pilares da República experimentassem tal sucesso, notadamente a segurança.
Texto de João Henrique Rieder
Fórun dos Leitores
Estadão 11 de outubro de 2012


Um comentário:

  1. Estamos vivendo um momento histórico para a Democracia Brasileira.

    AINDA RESTA UMA ESPERANÇA!

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