quinta-feira, 14 de março de 2013

O caminho do poeta




Imagem: Pedra Sutil


 
O caminho do poeta

Um poeta famoso, andando por uma estrada
Viu uma pedra no caminho, e olhou-a até cansar.
Não se interessava, já, por nada
O importante era explicar

Que no meio do caminho tinha uma pedra,
Uma pedra no meio do caminho...
Ele nunca se esqueceu, que no caminho havia a pedra
E eu aprendi que havia uma pedra no meio do caminho.

Porque essa pedra neste caminho?
Porque é que ele foi  passar por ali?
O outro caminho,talvez, não tivesse a pedra...
E..., porque ele foi passar por ali?

Só ficou pensando na pedra, o poeta,
E escrevendo, não saia do lugar.
E a frase escrita pelo poeta
Foi repetida, mil vezes, sem cansar.

Havia uma pedra no meio do caminho...

Mais à frente, no caminho do poeta,
havia uma flor, a desabrochar
Se ele seguisse em frente, e prestasse atenção
A poesia era diferente, não seria de pedra, não.

Mas o Carlos Drummond de Andrade
Me ensinou uma lição
O poeta tem liberdade,
E precisa ter ambição

Fazer versos à vontade
Escrever com a opção
De enxergar o que agrade
Ou que vai no coração.

Velho Pescador


No meio do caminho 

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. Fazer rima com as pedras é um grande desafio,
    Saio fora, não discuto, não que não tenha brio...
    Não me gabo de meu estro; não perco o meu alinho
    Eu deixo para o poeta achar pedras no caminho.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quem for irmão de poeta bão desse jeito tem que aprender a rimar depressa.

      Abraço.

      Excluir

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