quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Um gato em cima do poste




Pode rir, duvidar, mas o que eu vou contar é real, um fato acontecido nos anos 1970, no bairro da Penha, São Paulo, do qual há muitas testemunhas.

 
 

Minha irmã tinha um gato, macho, bonito, que, fora da época do cio, quando não estava dormindo, era metido a caçador de pardais.
Certa tarde, uma das vizinhas começou a chamar minha irmã, lá do portão, com seu jeito peculiar:
-Orga...
- Orgaaaa...
- Orgaaaaaaa!
Vale dizer que o nome de minha irmã é Olga, mas a dona Maria só sabia falar “Orga”, então, tudo bem!
A Olga saiu à janela lá de cima, nossa casa é um sobrado, e a senhora avisou:
- O teu gato subiu no poste. Está lá em cima. Liga para os bombeiros
Minha irmã olhou, e, realmente, sobre as travessas do poste, o querido gato, miando desesperado.
Ele tentara caçar uns pardais que estavam na árvore, e as aves voaram para o poste. Ele não titubeou; Um pulo, e lá estava ele, imaginando como descer, e, enquanto isso, miava, miava, miava...
Minha irmã começou a chamá-lo, mesmo da janela, para ver se ele descia, mas ele não estava muito confiante, então ela disse à vizinha:
- Não precisa chamar ninguém. Daqui há pouco ele desce;
e continuou o trabalho que estava fazendo.
Mais um pouco, e já era a campainha tocando.
- Orga, eu vou chamar os bombeiros.
Diante da insistência, disse-lhe que podia chamar, mas não precisava. Ela conhecia o felino.
Não demorou, e uma viatura enorme, de salvamento, do Corpo de Bombeiros giroflex ligado, acompanhada dos olhares de toda a vizinhança, e de uma multidão de crianças, chegou à rua.
O comandante olhou o gato lá em cima, avaliou as possibilidades, e designou um dos homens para “salvá-lo”.
A energia do poste foi desligada, para evitar riscos.
Sabendo que um gato assustado é perigoso, o bombeiro, escolhido para a tarefa, vestiu a máscara, as luvas, para evitar arranhões, e, já com a escada encostada no poste, começou a subir.
A multidão, embaixo, torcendo. A garotada, entusiasmada, a Dona Maria preocupada...
Parecia final de campeonato de futebol!
Lá vai o bombeiro. Um degrau, outro, mais outro ... Aos poucos vai se aproximando do topo do poste.
Silêncio total. Até o gato parou de miar, e o bombeiro, meio com medo, subiu mais um degrau...
Agora estava bem perto! Estendeu a mão, e...
Vlapt!
O gato deu um salto para o telhado mais próximo, mal pôs  patas ali, já emendou o salto para a lateral do poste, e dali caiu em pé, na rua, correndo apavorado para dentro de nossa casa.
A multidão se dividiu. Alguns aplaudiam o bombeiro, outros gargalhavam com a agilidade do gato, outros balançavam a cabeça, e já começavam a comentar.
Uma festa!
O bravo soldado, meio envergonhado, meio decepcionado, desceu da escada, que foi recolhida rapidamente, e a viatura saiu, tocando brevemente a sirene, em  cumprimento à multidão.
O gato?
O gatinho ficou bem, minha senhora.
Chegou no cantinho dele, tomou uma água, e foi dormir, que é o que ele fazia melhor. A sua façanha, porém, se tornou mais uma história da Penha.

 Grande abraço.
Velho Pescador

Um comentário:

  1. Me lembro desse caso; A história é verídica e foi contada direitinho.
    Osmar

    ResponderExcluir

Bem vindo, visitante.
Compartilhe conosco sua opinião.

Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...