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Oi mãe
Estou novamente escrevendo...
Faz pouco que escrevi uns versos, pois era dia
das mães, mas agora resolvi escrever esta cartinha.
Dia desses, quando voltava do trabalho, senti
aquele cheirinho gostoso de comida, sabe, mãe? Aquele cheirinho igual ao da
comida que você fazia.
Senti o cheiro, e bateu a saudade.
Saudade de você, mãe.
Saudade do teu tempero.
Saudade do teu cheiro...
Vontade de ouvir de novo os teus conselhos, de acariciar teus cabelos...
Vontade de ouvir de novo os teus conselhos, de acariciar teus cabelos...
Me deu saudade!
Sabe, mãe:
Quando você foi chamada pro céu, a saudade doía
em mim, e doía muito.
Muitas vezes parecia que eu ia chegar em
casa e te encontrar, mas logo percebia que não, daí eu ia para um cantinho e
chorava, disfarçado para não aumentar a dor dos outros.
Passou uma semana, duas, um mês... Logo
passou um ano, e mais outro...
Chegou a hora do papai. Ele também foi chamado. Depois foi o Oswaldo, depois o Elias, e mais recentemente o Edson. Eles também já se foram, e eu aqui, ficando velho.
E sentindo saudades, ainda.
Sabe, mãe:
Esse sentimento já não dói igual, mas ainda
dói.
Dói de outro jeito, de um jeito gostoso,
que me leva a falar de você, das coisas boas que vivemos juntos, que você nos
ensinava.
Saudades do pai, e dos irmãos, à mesa, como
quando éramos crianças.
Saudades do tempo em que o futuro era só alegria
e esperança, quando a vida não tinha machucado tanto.
Interessante, mãe.
À medida em que o tempo passa, que a idade
avança, percebo que já não avalio a morte como algo tão indesejável, tão ruim. A
morte física é uma decorrência da vida, e não me assusta. Agora, quando penso
nela, já é com oração pela esposa, pelo filho, pelos familiares, por tantas
pessoas amadas que ficarão.
Eu me sinto tranquilo quanto ao que, um
dia, devo enfrentar. Me sinto sossegado quanto ao futuro, com Deus.
Lembra, mãe? Isso também foi você que me
ensinou.
Até mais, mãe.
Não sei quando vou escrever de novo. Eu escrevo
para os outros lerem a teu respeito, e para eu mesmo ler.
Você já não precisa disso, porque agora você
tem tudo!
Você está com Jesus.
Até um dia, mãe.
Grande beijo
Velho Pescador