Polícia secreta da
Alemanha Oriental vendia cidadãos para empresas farmacêuticas do Ocidente para
serem usados como cobaias em testes de medicamentos
Dezenas de milhares de pessoas foram testadas com
drogas experimentais não aprovadas no Ocidente.
Dezessete cobaias morreram no estudo de uma droga
para tratamento de problemas cardíacos.
A prática macabra foi exposta em um chocante
documentário lançado na Alemanha. Allan Hall
A
ex-comunista Alemanha Oriental vendia cidadãos para empresas farmacêuticas do
Ocidente para serem usados como cobaias em testes de medicamentos.
Dezenas
de milhares de doentes da antiga República Democrática da Alemanha foram
tratados com medicamentos não aprovados no Ocidente para testar sua eficácia.
Detalhes
do projeto ultrassecreto foram revelados nos arquivos da Stasi, antiga
organização da polícia secreta de Berlim Oriental. O regime comunista lucrou
milhões em moeda forte.
Mas o
custo humano era alto, com dezenas de pessoas mortas devido aos efeitos
colaterais dos medicamentos, que contornavam os procedimentos de teste
geralmente rigorosos exigidos pelas democracias ocidentais.
E para
piorar, alguns pacientes receberam placebos (pílulas que não faziam efeito
algum) para avaliar como respondiam em comparação aos outros que recebiam o
medicamento adequado.
A
prática foi exposta pelos jornalistas Stefan Hoge e Carsten Opitz e exibido
esta semana na Alemanha em um chocante documentário intitulado “Tote und
Deaths” (Mortos e Mortes).
Os
arquivos da Stasi (quilômetros de papeis amarelados que a polícia secreta da
Alemanha Oriental não conseguiu eliminar quando o Estado comunista implodiu em
1989) revelou detalhes de como o país se tornou um dos campos de experimentos
mais importantes para as empresas farmacêuticas ocidentais.
A
conspiração envolveu o Estado, médicos e grandes empresas farmacêuticas.
Os
líderes do país comunista estavam felizes em implantar o programa em uma terra que
só se destacava pela escassez.
“Havia
farmácias que não tinham condições de fornecer 20% das drogas necessárias”,
explica o historiador farmacêutico Christoph Friedrich, da Universidade de
Marburg. “E essa escassez se estendia aos hospitais”.
Os arquivos da Stasi
revelaram detalhes de como a Alemanha Oriental se tornou um dos campos de
experimentos mais importantes para as empresas farmacêuticas ocidentais
(arquivo)
O
escândalo da talidomida no início da década de 1960 intensificou os critérios
para experimentos médicos no mundo ocidental, inclusive na Alemanha Ocidental.
Novas
exigências regulatórias para aprovação de mercado forçavam as fabricantes a
conduzir testes clínicos ainda mais longos para seus medicamentos em um grande
número de pacientes.
A
Alemanha Oriental, por dinheiro, estava disposta a fornecer cobaias humanas,
embora elas não desconfiassem que eram parte de um enorme experimento.
“Uma
conferência secreta com membros do comitê central do Politburo responsáveis
pela área da saúde preparou o cenário para um gigantesco acordo na primavera de
1983”, aponta o historiador Friedrich.
“Em
hospitais selecionados, médicos de empresas farmacêuticas ocidentais podiam
realizar testes clínicos com medicamentos não aprovados”.
“A
papelada nos arquivos da Stasi mostram que foram assinados contratos entre
empresas farmacêuticas do Ocidente e a companhia de comércio exterior da
Alemanha Oriental. Em 1983 houve 20 experimentos, e em 1988 havia 165 em
andamento”.
Os
pesquisadores não encontraram documentos nos arquivos da Stasi ou nos registros
do antigo ministério da saúde da Alemanha Orienta que indicassem que os
pacientes sabiam que estavam de fato sendo usados como cobaias de teste.
O
documentário não encontrou ninguém entre as grandes empresas farmacêuticas
ocidentais que tivesse conhecimento do programa secreto, relata Opitz.
Traduzido por Luis Gustavo
Gentil do original do Daily Mail: “East Germany's secret
police sold citizens to western pharmaceutical companies to use as human guinea
pigs in drug trials”
Fonte: www.juliosevero.com
A imoralidade estava dos dois lados: oriental e ocidental; De quem detinha o dinheiro e de quem dele precisava. Uma total falta de escrúpulos.
ResponderExcluirO pior é que nos dias de hoje ocorre um comércio clandestino internacional de medicamentos e de drogas suspeitas ou não avaliadas; tudo pela ganância.
Muitos médicos nossos (do Brasil) prescrevem procedimentos não cobertos pelos convênios apenas para receber ($) por fora.
Estamos muito longe de um padrão ético mínimo!