terça-feira, 9 de abril de 2013

O Sertão Chora III



Nasceu uma discussão sobre o teor do poema "O sertão chora" onde alguém me chama de preconceituoso, então, respondi em versos.

O sertão chora III

Ah, este mundão é perfeito! O povo é desse jeito,
Cada um tem seu conceito, e o usam para brigar

Se todos fossem iguais seria a maior confusão
Mesmo não havendo ilusão, quereriam se matar?

Politicamente correto é a nova que se reza
E o poeta, que se preza, já nem pode escrever

Eu sou nascido e criado na São Paulo nordestina
E já li muito repente que nos traz muito saber

Porém, se sou questionado naquilo que escrevo nos versos
Pois alguém os crê, perversos, como irei me iludir?

A poesia está acabando, a liberdade murchando
Os bons estão se calando... Eu terei que me omitir?

Não falo mal desse povo, sofrido, sofrendo de novo
Nem sua crença eu reprovo, mas me junto ao seu clamor

Porém escrevi um poema que fala daquele drama
Daquele povo que clama... Sou chamado de agressor?

Para que acabe a seca e a vida não mais feneça
E a água reapareça eu clamo ao Deus do céu

Não escrevi para julgar a ninguém, ou amaldiçoar
Eu não vim para brigar, pois esse povo é o meu


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Convivi com nordestinos, Gente humilde e sincera
Retirantes do sertão em situação de miséria

Quando estavam na penúria comiam do meu feijão
Porém, logo, se arribavam, e desde sempre trabalhavam
Para ganhar o seu pão. E, em tempo nenhum esqueciam
Da amizade que florira, que dormimos no mesmo chão

Comi com eles jabá, galinha de cabidela O arrozinho quirera, a farinha com feijão
Suas portas sempre abertas para me receber em casa. Como eu iria julgar esses queridos irmãos?

Conheci as as suas crenças, respeitei as diferenças,
que porventura houvesse. Isso nunca nos impedia
de festejar, cada dia, o que Deus nos oferece

Eu estranho que alguém sem conhecer a verdade ou saber de onde eu vim
Se sinta livre para achar que escrevi com maldade no início, no meio ou no fim

Aleivosia, você diz? Eu não vivi no sertão, mas o sertão viveu em mim
Eu sou um sujeito leal, e não jogo sujo, não. E por isso estou aqui.



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