quarta-feira, 24 de julho de 2013

Ide





Ah, cidadão do céu, desperta!
Não fique dormindo no ponto,
Deus quer que todos se salvem,
Pois somos feitos à sua imagem
E sopro do Espírito Santo

Eia, cidadão do céu, anda!
Não perca tempo, parado,
Vá contar ao mundo inteiro
Que na cruz Jesus foi morto
Mas voltou, ressuscitado

Vai, cidadão do céu, não pare!
Você é cheio de predicados.
Vá pregar o Evangelho
Ao menino, ao moço, ao velho,
Que estão mortos em seus pecados

Vem, cidadão do céu, te anima!
A seara já está pronta!
O momento se aproxima
O arrebatamento desponta
E há tanta gente perdida

Ah, cidadão do céu. Vem!
Preguemos, você e eu
Que quem crer e for batizado,
Será livre dos pecados.
Pois já é o tempo de Deus.

Velho Pescador

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado
Marcos 16:15-16.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Carta para questionar o valor da imagem



Garimpando no Luso-poemas, encontrei mais um artigo que, autorizado, trago para leitura.
O cognome do Autor é curioso:  Úmero Card'Osso e a reflexão tem o título:

Carta para questionar o valor da imagem

 
não deixes a televisão esfriar tua alma
não deixes
que alguém ligue a televisão
num momento de nervosismo
e ainda que fosse com calma
Resolve antes os teus rancores
sem distração, sem televisão, sem sabores
que são do tempo distorção
e da alma horrores!
Façam-me os favores
de se apresentar diante
do espetáculo estonteante da Vida como senhores
não como escravos
do individualismo, do imediatismo
de uma época onde não há bravos
Não deixes a televisão
ludibriar teus sentimentos
substituir teus relacionamentos
esfriar tua alma!
Não ligues a televisão num momento de imediatismo
de desassossego ou de calma.
Diante tão somente dos espetáculos da Vida
– distante dos tentáculos da mídia –
bate palma...
Bate palma, bate!
Bate palma, aplaude a Natureza!
Não aplaudas as imagens mortas
os labirintos de tristeza, de milhares de portas
da televisão, da novela das sete,
e ainda que fosse o labirinto
da internet...
Vós que sentais neste recinto!
Preferi sempre uma conversa tet a tet
do que conversas absortas
que tu mesmo exortas
a outros que nem vês
num neolabirinto pós-burguês...
Ah, quem são vocês? ... Quem são vocês?
Preferi sempre um diálogo com flores mortas
a um gozólogo de insensatez
ou a um monólogo com quem tendes
relacionamentos por paredes
ou pensamentos em que não credes...

Ah, por que foram se meter todos vós
nestas imagens vazias, alienadas,
nestas bobagens vadias, alternadas
em que estais, em verdade,
todos sós
de maneira que não estiveram os vossos avós?

Eu questiono o uso da televisão
o abuso do coração
o desuso da explosão
da vida dos que são
mais verdadeiros consigo
porque não afundam a própria alma
nos atoleiros da palma
da mão, ou do próprio umbigo
ao teclado
ao som de uma música de computador
cuja propriedade é ser sem propriedade... sem cantor!

Preferi sempre um diálogo com flores mortas
com santos imaginários
ou com fezes no deserto
que com certeza, às vezes,
indicam alguém por perto :
um amigo,
alguém que precise de auxílio
um amigo que não é um umbigo
ou uma página mal feita no exílio
que é estar num provedor
sob um congelamento infotécnico do humor...
Um amigo que no deserto
ou por trás de flores amassadas
acabadas, queimadas ou roubadas
será verdadeiro convosco, contigo,
comigo, e não se apresentará como um tosco
scrap, e-mail, add ou “quem quebrar esta corrente estará atraindo para si um grande azar”
e talvez um dia este poema, este lero-lero
termine com um bolero num bar
embora eu preferisse
um tango virulento, real, truculento,
um tanto sensual e sem chatice...

Ah, os onanistas na frente de um computador
como se condenam!
os que se entregam ao amor
infomanual ou videotécnico
das tardes de solidão ou abandono...
nas noites sem sono da televisão!
Os que viciam-se no pragmático
estuporamento de um tesão hiperartificial
seja por uma televisão sub-sensual,
seja por uma rede de computação
pornogramada para matar em vocês
a inocência de fazer tudo sempre
como se fosse paciência
como se fosse a primeira vez!

Eu poderia falar por horas e horas,
condenar, mostrar para todas as senhoras
com palavras lindas, ou feias
o que fizeram delas
nessas redes, paredes, labirintos
ou teias...
Condenar todo abuso
todo mal uso de computadores
da parte dos moleques
da parte dos senhores.
Mas por favor, não me aparte
desta briga
não me empurre com os seus vídeos
ou cedês, nem vocês, com a barriga.
Permiti vós, a mim, que sou tosco
dividir convosco parte
de minha justificativa infame
que me levará para a luta
ou disputa corporal num tatame
de forças que vão além da moral
porque minhas intenções
vão além de condenar o que fazem
porque não existe o mal
e sim, por um outro lado,
estou plenamente amparado
na justificativa sempre viva
ou intenção
de que essas pessoas mortas – sempre tortas –
endireitem suas vidas
estreitem os seus laços
registrem com amor todas as despedidas
arrebentem os cabaços!
Pois de minha parte, com muita arte,
não condeno o que fazem
mas o que deixam de fazer
por se prender
a qualquer bobagem
da tecnologia do lazer...

Ah, flores mortas, queimadas ou desenhadas!
Ah, fezes no deserto que indicam alguém por perto!
Ah, amigos! Que tu tenhas
amigos
sem umbigos, sem fios,
sem cabos elétricos, sem senhas!
Que tu tenhas
amigos!
Ah, Vida! Ah, conversas!
Ah, diálogos, ah, perversas!
Como dão-me prazer!


Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...