sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Pelotão






- Um, Dois, Um, Dois, Um, Dois, Um, Dois...
- Peeeeeeloootãããão: Alto!
- Apresentaaaaar armas!
- Virar à direeeeita!

E os “soldados” obedeciam à risca, na medida do possível, lógico. Alguns, na hora de “virar à direita”, ficavam parados outros viravam à esquerda, afinal, naquela idade, nem sabíamos o que seria direita ou esquerda.
As armas eram cabos de vassouras, ou de guarda chuvas, ou pedaços de bambu. Qualquer coisa servia.

- Permissão para falar, Sargento!
- Permissão concedida. Fale!
- Agora é a minha vez de ser sargento!
- Não! Volte para o seu lugar.
- Então eu não brinco mais...

E, lá se ia aquele soldado, abandonando as fileiras, no que era seguido por uma parte da turma, desfalcando o pelotão.
A coisa chegava a um ponto, que o Sargento ficava sozinho, pois não queria “largar o osso”, como se diz popularmente.
As outras crianças iam, então, brincar de bolinhas, ou futebol, ou esconde-esconde, ou qualquer outra brincadeira, e o sargento ficava por ali esperando uma oportunidade de entrar para a nova brincadeira, nem que fosse como recruta.
O que não valia era ficar sozinho vendo os outros brincarem. Importava participar.

Bons tempos, aqueles!

No Supermercado



No Supermercado
by Betha Mendonça

Não havia jeito: ou me aventurava ir ao supermercado comprar alimentos ou minha família passaria fome a partir do dia seguinte. Como quase sempre me meto em situações embaraçosas quando vou às compras, me prepararei psicologicamente, fiz exercícios respiratórios e fui para loja como quem vai para guerra.

No local, como de costume, eu peguei um carrinho de dois andares. Dirigi nos corredores com a máxima atenção. Em rápidos "pit stops" retirava das prateleiras os gêneros de meu interesse e os arrumava no carrinho. Feliz por tudo estar bem, sorria satisfeita comigo mesma... Até bater numa gôndola cheia de sabonetes em promoção e derrubar centenas deles ao chão. Um fiscal que me seguia falou solícito:

- Sem problema, senhora!Vou chamar um funcionário para arrumar.

- Er... Obrigada! Disse com um sorriso amarelo e a cara mais vermelha que um morango.

Como uma criminosa pega em fragrante delito sai em disparada. Só parei com o estrondo do baque com o carrinho a minha frente.... Um senhor de meia idade, calvo e de bochechas redondas berrou furioso:

- A senhora avançou a preferencial!

- Como assim? Indaguei tonta com aquela situação. Onde está o farol ou placa que diga que não foi o senhor que avançou a preferencial?

- Mulheres! Santo Cristo!Todo mundo sabe: quem vem no corredor mais largo e central entre as gôndolas tem preferência sobre quem vem pelos corredores mais estreitos!A senhora devia ter parado.

- Eu não sabia disso!Vai ver que perdi a aula de trânsito dentro de supermercado, quando fui tirar a carta pra dirigir carrinhos de mão... Retruquei rindo.

- Senhora, está sendo irônica e tentando diminuir sua culpa! Exaltou-se o homem, quando o fiscal que me seguia interveio. Perguntou se alguém tinha se machucado. Como ambos afirmamos que não, pediu-nos que continuássemos nossas compras.

Parti a feirinha para pegar frutas, verduras e legumes. Deixei meu carrinho estacionado fora, para evitar esbarrar em outros compradores. Escolhi, pesei, apus minhas compras arrumadinhas. Seguia em frente rumo ao caixa quando fui abordada por uma moça:

- Desculpe!A senhora está com meu carro...

- Hain?Seu carro? Interroguei com espanto. Aqui estão todas as minhas coisas, moça! Com as mãos fui mostrando alguns itens: o meu melão, os meus tomates, as minhas cenouras, o meu bebê... Ei! Eu não comprei bebê! Gritei assustada.

A moça rindo disse:

- Não!A senhora não comprou essa bebê, por que a cegonha me deu ela há três meses!

- Que vergonha!Mil perdões!Por favor, eu não sou sequestradora, não!

- Percebi!Basta à senhora devolver o carrinho que está tudo bem!

- Obrigada!Não sei como essas coisas acontecem comigo, moça!Respondi agradecida e balançando a cabeça.

- Eu sei disse o fiscal com o meu carro nas mãos. Aqui estão suas compras! Por isso que não desgrudo os olhos da senhora quando vem aqui... Acrescentou rindo.






Bertha Mendonça é escritora e poetisa.

Mantém o blog http://poemaecompanhia.blogspot.com/ e escreve para o Luso-poemas

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Indo às compras

Recém-casado, ia ao supermercado com a esposa, e comprávamos todas as delícias que víamos, sem preocupação com preço ou composição.

Frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, azeites e azeitonas, gêneros de primeira, segunda e terceira necessidade, doces, muitos doces, frios, de todos os tipos, e mais: Tudo que era bom e todas as bobagens deliciosas que eram anunciadas.

Meses inesquecíveis... Cozidos, assados, pizzas, lazanhas, pudins, sorvetes, mais pudins, outros sorvetes, tortas, pudins, etc., etc.!

- Benzinho, vamos preparar uma lazanha?

- Claro... Eu estava mesmo pensando nisso...

Tempo bom! Até ela se encontrar com a balança! Quando menos eu esperava, ela me disse:

- Você engordou!

E eu, disfarçando:

- Que bom. Eu estava tão magro...

Percebi que ela se referia a ela própria, e até elogiei sua silhueta, mas não adiantou.

Supermercado virou um suplício. 

Verduras, legumes, verduras, soja, verduras, frutas e verduras. 
As delícias? Passavam longe! Ficavam nas gôndolas. 

E então EU comecei a emagrecer, até que decidi virar freguês assíduo da confeitaria, para manter a forma (arredondada, lógico!).

Hoje, mais maduro, vamos às compras e eu fico cuidando do carrinho, além de “cuidar” das compras. 

Quando ela pega uma lata de doces, eu pego logo mais duas, sem ela ver, e coloco no carrinho. Quando ela pega algo que eu não gosto, ou acho muito caro, coloco no carrinho errado, e assim vamos vivendo. 

Em casa, na volta das compras, ouço frases como:

- Puxa! Não sei por que comprei dois potes de geléia!

- Eu não lembro de ter pego esse queijo, nem estes bombons...

- A gelatina diet não veio!...

Tirando esses inconvenientes, a vida corre bem. Vivemos tranquilos.

O único inconveniente é que eu não consigo perder peso.
Não consigo entender por que!


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Poucas letras



Letras

Eu não escreveria mais, hoje, mas, sobraram-me umas letras no bolso
Então, vou arrumá-las aqui e tentar escrever a teu gosto
Não posso desperdiçá-las, as letras, pois andam tão caras...
E não é sempre que me encontro à vontade para usá-las.

E daquelas que formam palavras? Mais difíceis a cada dia
Então, mãos à obra, vou em frente, tentar escrever poesia
Se não der, bastam as rimas, que soem bem, e agradem
Assim vou usar as palavras, que na minha boca já ardem

Poré
m, as tais letras são poUcas, e eu fico apoquentado
Tentando formar palavras, sentado frente ao teclado
Algumas saem i
ncomplEtas, sE não conSEGUIr rEpor
PrEciso de apoio, urgEntE, ou não poderei compor.


Você tem letras, sobrando? mande-as assim que puder
Se estão a um canto mofando, e eu querendo escrever
Só de Oo faltam quinhentos, de Ss e Rr, uns oitocentos
Sem contar pontos e acentos... Será melhor esquecer?

Espero as vossas remessas, mesmo de fontes diversas...
Mande-as com toda a pressa, e eu vou lhe agradecer.



Velho Pescador


Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...