terça-feira, 28 de maio de 2013

Viajando com os sobrinhos

Viajando com os sobrinhos

Meu irmão mais velho morava em Curitiba, com esposa e 4 filhos pequenos, então entre 4 e 11 anos, e viajava duas a três vezes ao ano para São Paulo, onde morávamos.
Naquele ano, durante as férias, deixou os filhos na casa da avó, por uns dias, ficando minha irmã, a caçula, então com 18 anos, responsável por levar as crianças de volta, de ônibus.
Parece fácil, não é?
Vejam o que aconteceu.

A tia Olga, sentada junto à sobrinha mais nova.
Do outro lado do corredor, a sobrinha mais velha, já mocinha, comportadinha, sentada ao lado da terceira, então com seis anos.
O meu sobrinho, o segundo, um piá arteiro (não vou citar o nome, senão o Marcelo briga comigo), que inventava coisas inimagináveis (depois eu conto mais algumas...), vinha no banco atrás da tia.
A viagem prosseguia, cansativa, e, na parada de ônibus, por não ser horário de almoço ou janta, o motorista avisa:

- Trinta minutos...

As crianças quiseram descer, e lá foi a tia Olga.
Um salgado para uma, um doce para outra, sorvete, mas o menino insiste:

- Quero arroz com feijão e carne!

A tia avisa:

- Nâo dá tempo, Marcelo. Coma um lanche desses...

E ele insistia naquilo. Depois de muita insistência, ele resolveu aceitar um salgado, um refrigerante, e todos embarcaram.
Lá pelas tantas, eis o Marcelo comendo um pedaço de chocolate. Sua irmã pede-lhe um pedaço, e ele responde, com seu sotaque sulino, apontando uma senhora lá atrás:

- Fica olhando para ela, que ela te dá chocolate!

A tia Olga nunca mais quis viajar com muitos sobrinhos de uma só vez.
Muita responsabilidade (rs)... 




segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um lindo soneto





Buscando-te

De ti só vejo uma sombra que neste olhar tão distante
Tu deixas extravasar no lampejo de um segundo
Ligeira luz que fulgura, e eu percebo neste instante
Uma centelha de amor neste oceano profundo

Queria ser nesse mar destemido viajante
E no silêncio das águas te resgatar do teu mundo
Despir-te da armadura continuar, ir avante
Mas não permites, te fechas e neste mar eu me afundo

No teu universo obscuro eu me sinto como errante
Eu não sei se tu percebes que deste amor eu me inundo
Queria tirar essas nuvens que anuviam teu semblante

Vou vivendo nessa busca tecendo um sonho fecundo
Lutando com essas ondas, eu te procuro incessante
Mas quanto mais me aproximo, mais tu te escondes no fundo


A poetisa Angela Maria, ou Angelmar, 
no luso-poemas, 
tem produzido poesias maravilhosas.
Clique na assinatura, para conferir.

Abraço.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Pelotão






- Um, Dois, Um, Dois, Um, Dois, Um, Dois...
- Peeeeeeloootãããão: Alto!
- Apresentaaaaar armas!
- Virar à direeeeita!

E os “soldados” obedeciam à risca, na medida do possível, lógico. Alguns, na hora de “virar à direita”, ficavam parados outros viravam à esquerda, afinal, naquela idade, nem sabíamos o que seria direita ou esquerda.
As armas eram cabos de vassouras, ou de guarda chuvas, ou pedaços de bambu. Qualquer coisa servia.

- Permissão para falar, Sargento!
- Permissão concedida. Fale!
- Agora é a minha vez de ser sargento!
- Não! Volte para o seu lugar.
- Então eu não brinco mais...

E, lá se ia aquele soldado, abandonando as fileiras, no que era seguido por uma parte da turma, desfalcando o pelotão.
A coisa chegava a um ponto, que o Sargento ficava sozinho, pois não queria “largar o osso”, como se diz popularmente.
As outras crianças iam, então, brincar de bolinhas, ou futebol, ou esconde-esconde, ou qualquer outra brincadeira, e o sargento ficava por ali esperando uma oportunidade de entrar para a nova brincadeira, nem que fosse como recruta.
O que não valia era ficar sozinho vendo os outros brincarem. Importava participar.

Bons tempos, aqueles!

No Supermercado



No Supermercado
by Betha Mendonça

Não havia jeito: ou me aventurava ir ao supermercado comprar alimentos ou minha família passaria fome a partir do dia seguinte. Como quase sempre me meto em situações embaraçosas quando vou às compras, me prepararei psicologicamente, fiz exercícios respiratórios e fui para loja como quem vai para guerra.

No local, como de costume, eu peguei um carrinho de dois andares. Dirigi nos corredores com a máxima atenção. Em rápidos "pit stops" retirava das prateleiras os gêneros de meu interesse e os arrumava no carrinho. Feliz por tudo estar bem, sorria satisfeita comigo mesma... Até bater numa gôndola cheia de sabonetes em promoção e derrubar centenas deles ao chão. Um fiscal que me seguia falou solícito:

- Sem problema, senhora!Vou chamar um funcionário para arrumar.

- Er... Obrigada! Disse com um sorriso amarelo e a cara mais vermelha que um morango.

Como uma criminosa pega em fragrante delito sai em disparada. Só parei com o estrondo do baque com o carrinho a minha frente.... Um senhor de meia idade, calvo e de bochechas redondas berrou furioso:

- A senhora avançou a preferencial!

- Como assim? Indaguei tonta com aquela situação. Onde está o farol ou placa que diga que não foi o senhor que avançou a preferencial?

- Mulheres! Santo Cristo!Todo mundo sabe: quem vem no corredor mais largo e central entre as gôndolas tem preferência sobre quem vem pelos corredores mais estreitos!A senhora devia ter parado.

- Eu não sabia disso!Vai ver que perdi a aula de trânsito dentro de supermercado, quando fui tirar a carta pra dirigir carrinhos de mão... Retruquei rindo.

- Senhora, está sendo irônica e tentando diminuir sua culpa! Exaltou-se o homem, quando o fiscal que me seguia interveio. Perguntou se alguém tinha se machucado. Como ambos afirmamos que não, pediu-nos que continuássemos nossas compras.

Parti a feirinha para pegar frutas, verduras e legumes. Deixei meu carrinho estacionado fora, para evitar esbarrar em outros compradores. Escolhi, pesei, apus minhas compras arrumadinhas. Seguia em frente rumo ao caixa quando fui abordada por uma moça:

- Desculpe!A senhora está com meu carro...

- Hain?Seu carro? Interroguei com espanto. Aqui estão todas as minhas coisas, moça! Com as mãos fui mostrando alguns itens: o meu melão, os meus tomates, as minhas cenouras, o meu bebê... Ei! Eu não comprei bebê! Gritei assustada.

A moça rindo disse:

- Não!A senhora não comprou essa bebê, por que a cegonha me deu ela há três meses!

- Que vergonha!Mil perdões!Por favor, eu não sou sequestradora, não!

- Percebi!Basta à senhora devolver o carrinho que está tudo bem!

- Obrigada!Não sei como essas coisas acontecem comigo, moça!Respondi agradecida e balançando a cabeça.

- Eu sei disse o fiscal com o meu carro nas mãos. Aqui estão suas compras! Por isso que não desgrudo os olhos da senhora quando vem aqui... Acrescentou rindo.






Bertha Mendonça é escritora e poetisa.

Mantém o blog http://poemaecompanhia.blogspot.com/ e escreve para o Luso-poemas

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Indo às compras

Recém-casado, ia ao supermercado com a esposa, e comprávamos todas as delícias que víamos, sem preocupação com preço ou composição.

Frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, azeites e azeitonas, gêneros de primeira, segunda e terceira necessidade, doces, muitos doces, frios, de todos os tipos, e mais: Tudo que era bom e todas as bobagens deliciosas que eram anunciadas.

Meses inesquecíveis... Cozidos, assados, pizzas, lazanhas, pudins, sorvetes, mais pudins, outros sorvetes, tortas, pudins, etc., etc.!

- Benzinho, vamos preparar uma lazanha?

- Claro... Eu estava mesmo pensando nisso...

Tempo bom! Até ela se encontrar com a balança! Quando menos eu esperava, ela me disse:

- Você engordou!

E eu, disfarçando:

- Que bom. Eu estava tão magro...

Percebi que ela se referia a ela própria, e até elogiei sua silhueta, mas não adiantou.

Supermercado virou um suplício. 

Verduras, legumes, verduras, soja, verduras, frutas e verduras. 
As delícias? Passavam longe! Ficavam nas gôndolas. 

E então EU comecei a emagrecer, até que decidi virar freguês assíduo da confeitaria, para manter a forma (arredondada, lógico!).

Hoje, mais maduro, vamos às compras e eu fico cuidando do carrinho, além de “cuidar” das compras. 

Quando ela pega uma lata de doces, eu pego logo mais duas, sem ela ver, e coloco no carrinho. Quando ela pega algo que eu não gosto, ou acho muito caro, coloco no carrinho errado, e assim vamos vivendo. 

Em casa, na volta das compras, ouço frases como:

- Puxa! Não sei por que comprei dois potes de geléia!

- Eu não lembro de ter pego esse queijo, nem estes bombons...

- A gelatina diet não veio!...

Tirando esses inconvenientes, a vida corre bem. Vivemos tranquilos.

O único inconveniente é que eu não consigo perder peso.
Não consigo entender por que!


Exagerada!

Pois é! Tem um monte de histórias de pescador, e muitos dizem que é mentira, mas eu me calo. Quem sou eu para julgar?  Hoje eu...